Este texto é uma parte 2! Acesse o primeiro texto aqui.
As entidades do Movimento Wikimedia foram o tema de maior debate tanto na chamada com a comunidade, como no survey. Isto porque trata-se de um tema bastante distante do cotidiano das pessoas usuárias que “apenas” editam. Fundação Wikimedia, hubs, afiliados… são muitos palavrões.
Nesse sentido, as explicações que a Carta traz são bem vindas, primeiro por tocarem nos temas e darem alguma noção acerca deles. Porém, como já venho falando, ainda não parece ser o suficiente para gerar entendimento e opiniões mais aprofundadas.
As descrições ainda estão muito vagas, sem links que possibilitem que quem lê possa identificar a atuação de cada entidade na estrutura do Movimento Wikimedia. Foi sugerido que as explicações sobre os diferentes órgãos trouxessem exemplos na forma de notas ou hiperlinks, ajudando a visualização e entendimento de cada categoria. Também as hierarquias acabam ficando confusas, e foi apontado que poderia ser feito um organograma com as entidades, de acordo com seus graus de importância/governança.
Acerca das descrições sobre a Fundação Wikimedia, foi apontado que poderiam ser aprofundadas e ampliadas. Já sobre a questão do Conselho Global, houve todo tipo de dúvida, desde se ele já existia até quais as motivações para ele existir. Assim, foi consenso que é preciso explicar melhor e contextualizar historicamente na Carta as motivações para a criação do Conselho Global.
Ainda, foi apontado que essa visão global de governança pode excluir particularidades dos contextos locais e culturais específicos. Desse modo, ao invés de o Movimento estar assumindo uma maior autonomia, com maiores espaços para diferentes estruturas, ele estaria apenas migrando responsabilidades da Fundação para um conjunto de conselhos com ambições globais que continuam reproduzindo uma visão hegemônica de mundo.
Ao mesmo tempo, tratando-se de um movimento global, foi pensado em quais seriam as possibilidades alternativas a essa proposta do Conselho Global. Nesse sentido, parece haver uma demanda por maiores debates dentro das comunidades sobre esses temas, pensando soluções criativas de governança para tentar responder a questões como Quem serão os membros do Conselho Global? Como podemos assegurar que os voluntários envolvidos tenham tanto a disponibilidade quanto a competência necessárias para substituir efetivamente o atual corpo profissional responsável por decisões cruciais, como a alocação de recursos? Como podemos garantir que este Conselho Global esteja verdadeiramente comprometido com a promoção da equidade dentro do movimento, considerando as disparidades presentes em nossa comunidade global atualmente? E, por fim, como podemos garantir a sustentabilidade do movimento enquanto fortalecemos as estruturas de governança?
Mais do que debater o texto da Carta, parece haver uma grande demanda por debater O Movimento e suas implicações. Da mesma forma que é feito com os grants de Embaixadores da Carta, poderiam haver recomendações e incentivos de consultas e debates sobre esses temas caros nas comunidades, sem ter uma demanda para além das discussões em si.
Saio dessa experiência muito feliz os debates levantados, com as críticas e também com os elogios feitos à Carta. Tenho a certeza de que ainda há muito trabalho a ser feito mas me parece que o Movimento está apto a fazê-lo
Com carinho,
Alebasi24
Embaixadora da Carta do Movimento