Feedback para a Carta do Movimento | Escrita, tradução e escolha de conceitos para diferentes regiões

A Carta do Movimento é um documento complexo, apesar da sua estruturação simples e objetiva. Há muitos desafios na sua redação, começando pela colaboração voluntária entre pessoas de todo o mundo, com idiomas, culturas e visões de mundo diferentes.

Esses desafios se refletem na escrita da Carta, e consequentemente na sua disseminação e tradução para outros idiomas. No caso do português, trago abaixo alguns apontamentos das usuárias entrevistadas.

De forma geral, as usuárias comentaram que durante a leitura da Carta, alguns conceitos e termos não foram facilmente compreendidos, por não terem definições tão conhecidas ou por serem termos originários da língua inglesa, e consequentemente traduções não tão próximas do português. Um exemplo é o uso do termo Hub, que pode ser substituído por algum sinônimo nos momentos de tradução, ou quem sabe maior explicitado através do glossário.

Apesar de terem consciência do grande volume de trabalho que abarca a Carta, a maioria das questões relativas à escrita do texto poderiam ser solucionadas com a publicação do glossário, mesmo que em formato de esboço. Isto porque a comunidade Wikimedista é bastante diversa e não existe um nivelamento quanto a certos jargões do Movimento. Até mesmo o próprio uso da palavra Movimento foi comentado como algo que não é claro ou consensual para todas as pessoas, ficando subentendido que a comunidade ainda precisa de muito diálogo para construir estes consensos.

Outro termo que gerou conversas interessantes foi o nome de Carta. No inglês, há o conceito de Charter, que em português seria uma outorga ou uma carta régia, algo como uma escritura oficial. Na tradução de disseminação da Movement Charter, a iniciativa foi nomeada Carta do Movimento. Essa escolha leva a uma compreensão diferente sobre a estrutura do texto que vem sendo feito, já que em países como o Brasil, uma carta é um manifesto de algo, geralmente um posicionamento, disposto em um texto corrido. Apesar dessa quebra de expectativas inicial, essas divergências conceituais não foram apontadas como problemas da estruturação da Carta.

Alguns termos e expressões em particular se destacaram nas entrevistas como merecedores de notas explicativas maiores, ou debates visando consenso:

  • conhecimento livre;
  • Movimento Wikimedia;
  • independência.

Estes usos foram os mais problematizados e debatidos nas entrevistas, isto porque as usuárias relataram que são conceituações complexas. O que significa conhecimento? O que é, ou quem é o Movimento Wikimedia? O que significa ser independente dentro dos projetos Wikimedia, sobretudo quando ocorrem situações preconceituosas e/ou violentas partindo da ou das comunidades? São questões bastante amplas, mas que foram citadas como importantíssimas para a Carta.

Por fim, de forma mais simples, também foi apontado que a seção do glossário poderia conter definições sobre os papéis dos vários “cargos” que existem dentro da comunidade. Cargos voluntários, cargos pagos, quais atividades wiki são feitas por voluntários e quais são feitas por equipes profissionais? Por exemplo, o que um embaixador de campus pode fazer para auxiliar docentes a criarem um projeto Wiki? Essa lista de definições permitiria às comunidades entender melhor o sistema wiki, além de poderem visualizar de que maneira elas podem atuar nesses espaços, participando e se empoderando como parte das comunidades.

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